Brown Jelly Disease
Brown Jelly Disease
A doença conhecida como Brown Jelly (gelatina marrom) é uma enfermidade que afeta corais, especialmente os corais duros, e é bastante temida entre aquaristas de recifes. Essa doença se caracteriza pelo aparecimento de uma substância gelatinosa e de cor marrom que cobre os tecidos do coral, resultando em uma necrose rápida dos mesmos.
Principais características:
- Aparência: Um dos sinais mais óbvios é a formação dessa “gelatina” marrom sobre os corais, que parece uma massa viscosa. Essa substância consiste em uma mistura de tecidos do coral em decomposição e uma proliferação de microrganismos.
- Progressão rápida: A doença pode se espalhar muito rapidamente, destruindo grandes áreas de coral em pouco tempo. Se não for tratada, pode levar à morte completa do coral afetado.
- Microrganismos envolvidos: Embora as causas exatas da doença não sejam completamente compreendidas, acredita-se que bactérias, protozoários e outros microrganismos patogênicos estejam envolvidos.
Fatores de risco:
- Estresse ambiental: Fatores como mudanças bruscas na qualidade da água (pH, temperatura, salinidade), baixa qualidade da água (alto nível de amônia, nitritos ou nitratos), e poluição podem desencadear ou agravar a doença.
- Lesões físicas: Danos mecânicos ao coral podem servir como porta de entrada para os patógenos que causam a doença.
- Imunidade comprometida: Corais enfraquecidos por outros fatores, como a falta de luz adequada ou competição por nutrientes, estão mais suscetíveis.
Tratamento:
- Remoção manual: A remoção da gelatina marrom pode ser feita cuidadosamente com uma pipeta ou bastão para minimizar a contaminação de outras áreas.
- Banhos com medicamentos: Alguns aquaristas utilizam banhos de água salgada com produtos específicos para tentar eliminar os patógenos.
- Uso de antibióticos: Em alguns casos, o uso de antibióticos pode ser indicado, mas deve ser feito com cautela e apenas quando houver confirmação de infecções bacterianas.
Prevenção:
Manter a qualidade da água estável e adequada, evitar o estresse dos corais, e garantir que o ambiente do aquário ou recife seja saudável são as principais maneiras de prevenir o surgimento da Brown Jelly. A inspeção regular dos corais também é importante para detectar a doença em estágios iniciais, quando o tratamento é mais eficaz.
Discussão:
A discussão sobre se bactérias e protozoários são a causa primária da doença Brown Jelly em corais ou se aparecem apenas como resultado da necrose do tecido é complexa e ainda objeto de estudo.
Hipótese 1: Bactérias e Protozoários como Causa Primária
Nesta hipótese, os microrganismos patogênicos, como bactérias e protozoários, seriam os agentes causadores da doença. Eles infectariam diretamente o tecido saudável dos pólipos, resultando em:
- Infecção inicial: Bactérias e protozoários colonizam o coral, desencadeando a degradação tecidual.
- Necrose e resposta imunológica: O tecido começa a morrer como uma resposta à infecção, e a gelatina marrom que aparece é composta de células mortas do coral misturadas com os patógenos.
Evidências que sustentam essa hipótese:
- Patógenos específicos: Algumas espécies de protozoários ciliados e bactérias, como Vibrio, foram associadas à doença em amostras coletadas de corais infectados.
- Semelhança com outras doenças: A ação de patógenos bacterianos em organismos marinhos já é bem documentada, como em doenças de peixes e outros invertebrados marinhos.
- Capacidade de disseminação rápida: A rápida disseminação da doença sugere uma natureza infecciosa, que poderia ser causada pela propagação desses microrganismos.
Hipótese 2: Bactérias e Protozoários como Consequência da Necrose Tissular
Aqui, as bactérias e protozoários não seriam os causadores diretos da doença, mas oportunistas que colonizam o tecido do coral após ele ser danificado ou enfraquecido por outros fatores. Nesse cenário:
- Fator desencadeante inicial: Estressores ambientais, como mudanças bruscas de temperatura, salinidade ou qualidade da água, enfraquecem o coral, resultando em morte do tecido.
- Colonização secundária: Bactérias e protozoários, que são naturalmente encontrados no ambiente, colonizam o tecido morto ou moribundo e aceleram o processo de degradação, contribuindo para a formação da substância gelatinosa marrom.
Evidências que apoiam essa hipótese:
- Fatores ambientais estressantes: A doença muitas vezes ocorre em ambientes onde os corais estão sob forte estresse ambiental, como mudanças bruscas na temperatura ou deterioração da qualidade da água.
- Microrganismos oportunistas: Muitos dos microrganismos encontrados em tecidos de corais doentes são conhecidos por serem oportunistas, ou seja, eles se multiplicam rapidamente quando o tecido está comprometido, mas não necessariamente causam a doença primária.
- Necrose prévia: Alguns relatos sugerem que o tecido já está morto ou morrendo antes de a substância marrom aparecer, o que indica que a colonização por patógenos é secundária.
Conclusão Provisória
A evidência atual sugere que ambas as hipóteses podem ser verdadeiras em diferentes circunstâncias:
- Infecção primária: Em alguns casos, a doença pode de fato ser causada por patógenos como bactérias e protozoários, especialmente quando esses microrganismos encontram um coral enfraquecido ou danificado.
- Infecção secundária: Em outros casos, os microrganismos são oportunistas que colonizam o tecido após ele ter sido danificado por outros fatores, como estresse ambiental.
Portanto, a doença Brown Jelly provavelmente envolve uma combinação de fatores: estressores ambientais que enfraquecem os corais, seguidos por colonização microbiana que agrava a condição e acelera a destruição tecidual. Mais pesquisas são necessárias para determinar a sequência exata de eventos, mas é claro que tanto os microrganismos quanto o ambiente desempenham papéis críticos no desenvolvimento da doença.
Por Marcelo Jodar